
Reformar a portaria de um condomínio vai muito além de renovar a fachada, é uma oportunidade de melhorar a segurança, a funcionalidade e a acessibilidade de um dos espaços mais estratégicos do prédio. E para fazer isso sem transtornos, é preciso unir bom planejamento, olhar técnico e sensibilidade às necessidades dos moradores.
A revista Condomínio etc. conversou com dois especialistas no assunto: o engenheiro civil e perito Luiz Carlos Tavares, da LC Engenharia, e Josélio Bento, diretor-geral da Bento Soluções e Engenharia. Ambos destacam pontos cruciais que os síndicos devem observar antes de iniciar uma reforma.
Para Luiz Carlos, um bom projeto começa com foco nas pessoas. “É preciso respeitar as diferenças e necessidades de quem passa pela portaria: idosos, crianças, visitantes, moradores e funcionários. Todos devem se sentir seguros e bem recebidos. E a tecnologia não pode substituir a presença do porteiro – ela deve ser um apoio”, afirma. Ele ressalta ainda que o ambiente precisa ser projetado para garantir ao porteiro visão plena da área externa, permitindo identificar, com clareza, quem está chegando, sem que esse visitante, por sua vez, o veja diretamente, uma medida simples, mas que aumenta a segurança em situações de risco.
Outro ponto defendido por Luiz Carlos é que o espaço da portaria não pode ser apenas visualmente bonito, deve ser também funcional. “Toda a estrutura precisa ser projetada com atenção à segurança, às esquadrias, à iluminação e à harmonia entre o espaço interno e externo. Isso melhora a qualidade de vida dos usuários e garante o uso eficiente do ambiente.”
Josélio Bento, por sua vez, alerta que a infraestrutura elétrica costuma ser o ponto mais crítico nas reformas de portaria. “É muito comum encontrarmos fios antigos, rígidos, emendados, ao longo dos anos. Esses ajustes improvisados comprometem o funcionamento do ambiente e representam riscos à segurança”, afirma. Segundo ele, em casos mais complexos, com mudanças radicais de layout, pode ser necessário reforçar a estrutura, especialmente quando há ampliação da área da portaria, o chamado retrofit.
Na prática, reformar sem comprometer o dia a dia dos moradores exige organização e boa comunicação. “Sempre que possível, criamos acessos paralelos ou utilizamos entradas de serviço. Mas, além disso, é fundamental manter uma boa relação com os condôminos para reduzir o estresse”, diz Josélio. O tempo médio de uma obra varia conforme o tamanho da área e a complexidade do projeto, mas fatores como descobertas de instalações obsoletas ou problemas estruturais ocultos podem afetar o cronograma.
Planejamento, segundo Luiz Carlos, é a palavra-chave. E ele faz questão de enfatizar isso com uma citação bíblica que leva consigo em sua atuação profissional: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este homem começou a edificar e não pôde acabar” (Lucas 14:28-30). “Tudo se resume a um bom planejamento”, reforça Luiz Carlos.
Na visão dos especialistas, a modernização da portaria também deve seguir tendências que trazem mais funcionalidade, acolhimento e eficiência. Ambientes mais amigáveis, menos frios, soluções sustentáveis e até a implementação de portarias semipresenciais – que combinam presença humana com recursos tecnológicos – vêm se tornando opções interessantes.
Em relação à acessibilidade, Luiz Carlos enfatiza a importância de realizar um laudo cautelar antes de iniciar a obra. “Esse estudo técnico permite entender a real condição do espaço. Muitas vezes, são necessárias demolições de alvenarias ou instalação de rampas móveis para garantir a circulação de pessoas com deficiência. Já executei projetos complexos, como uma obra na UFF, em Niterói, que incluía recursos específicos para pessoas cegas e com mobilidade reduzida”, conta.
Josélio também destaca soluções sustentáveis que podem ser incorporadas à reforma, como o monitoramento automático dos níveis dos reservatórios de água. “Esse tipo de sistema evita desperdícios, prolonga a vida útil das bombas e dá mais autonomia à portaria no controle hídrico do condomínio”, afirma.
Por fim, Luiz Carlos compartilha uma experiência que o marcou durante uma visita técnica. Ao estacionar seu carro na vaga de um condomínio, foi orientado pelo porteiro a mudar para outra. Descobriu depois que a vaga ocupada era uma vaga de emergência, mas sem placa. “A síndica explicou que, naquele prédio, os moradores já sabem que, se um carro estranho estacionar ali, é sinal de que algo pode estar errado. A portaria aciona imediatamente a polícia. Quem é de fora não suspeita de nada. Achei genial. Aonde vou, levo esse exemplo”, conta.
A lição final dos especialistas é clara: portaria bonita não basta. É preciso que o projeto una segurança, funcionalidade, acolhimento e planejamento detalhado. Só assim a reforma trará benefícios reais e duradouros para o condomínio e todos os usuários.
Serviço:
Bento Soluções e Engenharia
bentossolucoes.com.br
(21) 96918-7749
LC Engenharia
(21) 96477-5554
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