Tecnologia e treinamento lado a lado na prevenção de crimes
Em agosto de 2025, um caso inusitado chamou a atenção de moradores e comerciantes de Copacabana, na zona sul do Rio. Patrick Rocha Maciel foi preso após tentar se esconder no forro de uma loja, mas o revestimento cedeu e ele acabou preso. O rapaz, de 18 anos, tinha 87 anotações criminais por delitos como ameaça, roubo, invasão de domicílio e lesão corporal. Em 2022, quando ainda era menor de idade, ele chegou a invadir um apartamento que estava alugado por um turista, em Ipanema. Ameaçando a vítima com um espeto de churrasco, levou todos os pertences do estrangeiro.
Situações semelhantes são frequentes em condomínios da cidade. Muitos crimes são cometidos em áreas comuns do prédio, quando os bandidos levam fios de cobre, portas de alumínio, bicicletas e outros pertences que estão em locais onde os ladrões encontram facilidade para chegar. Segundo a Light, em 2024, foram registradas 326 ocorrências de furto de cabos, com mais de 63 mil metros subtraídos e prejuízo superior a R$ 8 milhões. No primeiro semestre de 2025, já foram 115 casos, somando 87,5 quilômetros de fiação danificada.
O furto de cabos virou um problema nas grandes cidades, causando prejuízos diretos à população e afetando o fornecimento de energia. As autoridades procuram dar respostas. A Polícia Civil informa que investiga essas quadrilhas que movimentam milhões no mercado clandestino de cobre e alumínio, alimentando ferros-velhos e metalúrgicas ilegais. A Polícia Militar afirma que atua de forma preventiva e a Secretaria de Ordem Pública intensificou operações contra o mercado ilegal que negocia esses materiais. Em resposta a essa situação, foi sancionada a Lei nº 15.181/2025, que eleva as penas não só para esse tipo de crime, mas também para a receptação desses itens, numa tentativa de coibir a atuação dos criminosos. A lei, sancionada no dia 28 de julho pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aumenta a pena para roubo e furto de cabos elétricos e de telefonia, que pode chegar a 15 anos de prisão.
Outro agravante são os roubos a residências. De acordo com o Anuário da Violência de 2024, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, essa modalidade teve um aumento de 51%. Botafogo e Copacabana lideram os índices, com 84% e 137%, respectivamente. As bicicletas elétricas também entraram na mira dos assaltantes. Só em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados nas delegacias 838 furtos desse tipo de veículo no estado, uma média de 14 casos por dia, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Para tentar minimizar os impactos da violência e trazer mais tranquilidade para os moradores dos condomínios, os síndicos têm se voltado para novos sistemas de segurança. A SF Tecnology, por exemplo, desenvolveu um novo software, que agora é o carro-chefe da empresa. A grande novidade é um sistema de controle de acesso integrado diretamente às forças de segurança do estado. O novo programa se chama Sentinela e já está em uso em vários condomínios do Rio de Janeiro.
“O sistema trabalha conectado aos serviços já prestados nas portarias. E funciona da seguinte forma: todas as pessoas e prestadores de serviço que entram no condomínio são obrigados a apresentar o documento de identificação para fazer cadastro. Esses dados são compartilhados com a Polícia Militar, que vai verificar se essa pessoa tem um mandado de prisão, por exemplo. Se isso for constatado, é gerado automaticamente um alerta para a polícia, que vai se dirigir até o local. Com isso, você garante que todos os prestadores de serviço, desde o faxineiro até um engenheiro, sejam checados pelo sistema da PM. A mesma coisa ocorre com os veículos. Se uma pessoa estiver usando um carro que conste como roubado, furtado ou que tenha busca e apreensão, na hora em que ele colocar a placa no sistema, em fração de segundos, esses dados são compartilhados com a polícia”, explica Bruno Nascimento, gerente comercial da SF Tecnology.
O gerente da SF Tecnology ainda complementa que a tecnologia usada pelo Sentinela abarca qualquer outro recurso que esteja instalado nas portarias dos condomínios. “Qual é nossa principal função? Nós trabalhamos em caráter preventivo à criminalidade. Passamos informações cruzadas com o banco de dados das forças de segurança.” O sistema, que é único no país, foi lançado em agosto de 2025, mas, antes, foi testado dois meses em condomínios da Barra da Tijuca, na zona sudoeste, para que fossem criados protocolos de ação. “Só em um dos condomínios, que foi usado no projeto-piloto, tivemos mais de 14 mil acessos de prestadores de serviço em um mês. Todos checados. Além disso, a equipe de segurança e a portaria também receberam um treinamento e os moradores foram orientados.”
Bruno conta ainda que “durante o período de teste, dois carros de aplicativo, um de entrega e outro de transporte constavam como roubados. Isso gerou um alerta, e imediatamente os agentes se dirigiram ao local. O crime evolui a cada dia. A criminalidade hoje em dia está usando drones para mapear a rotina de determinado apartamento. É indispensável incluir uma evolução tecnológica no combate à delinquência. Com o Sentinela, você proporciona essa rede de proteção que une os entes privados aos responsáveis pelo trabalho de segurança”.
Em julho deste ano, o morador de um condomínio na Glória, zona sul do Rio de Janeiro, foi surpreendido, durante a madrugada, por um drone que sobrevoava a sala dele, que fica no sexto andar do edifício. O taxista mora com a esposa no imóvel e tinha acabado de acordar para ir trabalhar quando ouviu o barulho do equipamento. A polícia ainda não sabe de onde veio o drone ou o motivo da invasão.
Para não deixar que a tecnologia fique a serviço da criminalidade, outras inovações surgem nas empresas de segurança. A Pentágono 24h passou a usar a inteligência artificial na prevenção de roubos e furtos. De acordo com o diretor de tecnologia do grupo, Vinícius Boene, o sistema funciona de uma forma muito simples, com acesso às câmeras de segurança que os condomínios já possuem. “As imagens geradas por essas câmeras são enviadas, pela internet, para um sistema de inteligência artificial (IA). A partir daí, são produzidos relatórios que são enviados à central de monitoramento. Se houver alguma anormalidade, o sistema emite um alerta.”
O sistema chamado “monitoramento inteligente” consegue analisar padrões de comportamento. Por exemplo, uma pessoa parada muito tempo na frente do condomínio ou uma aglomeração já são consideradas evento suspeito. Aí quando esse alerta chega à central, é feita uma avaliação; se for comprovado que existe uma ameaça, as providências são tomadas, que vão desde o toque de uma sirene ou o acionamento das autoridades. Isso tudo feito em poucos minutos.
O grupo Pentágono 24h já implantou esse sistema em 26 condomínios no Rio de Janeiro. O principal foco está nos bairros da zona norte, como Grajaú, Vila Isabel e Andaraí – considerados pela empresa como uma “camada vermelha”, em que ocorre a maior incidência de furtos e tentativa de invasão, tanto nos imóveis como nas ruas. A empresa trouxe o sistema de inteligência artificial de São Paulo e começou a implantar no Rio no fim de 2024. No início de 2025, já estava sendo utilizado em diversos prédios, com resultados significativos, aumentando a sensação de segurança dos moradores.
O novo sistema ainda é econômico. Segundo o diretor de tecnologia do grupo Pentágono 24h, “se um condomínio tem 60 câmeras, a gente não precisa conectar todas elas à IA. Dependendo do tamanho do condomínio e da geografia dele, seis ou oito câmeras importantes ou que estejam em uma área mais vulnerável já são suficientes para analisar padrões de acesso ao condomínio e monitorar o que está acontecendo dentro e fora de forma otimizada”.
A Pentágono trabalha para 430 condomínios na capital, na Baixada Fluminense e em Niterói. Faz a instalação e a manutenção de câmeras e portões 24 horas por dia e realiza a integração de vários serviços de tecnologia. Vinícius Boene conta que eles estão instalando o sistema em um condomínio que ocupa um quarteirão inteiro no Grajaú. Já tem portaria remota, câmeras e agora a empresa vai fazer um cinturão de segurança. “A Pentágono 24h faz um serviço customizado para atender às necessidades de cada condomínio, tanto os de pequeno como os de grande porte.”
A síndica Roberta Sobreira já passou por maus bocados quando ainda era só uma moradora do Condomínio do Edifício General João Gomes, na zona norte da cidade. O condomínio é cercado por uma área de mata, o que facilitava a ação de criminosos. Em 2021, foram três invasões. “Na última, o delinquente conseguiu entrar no salão de festa e invadiu um apartamento no nono andar. Como ele agia em outros prédios da região, chegaram a apelidar o ladrão de ‘homem-aranha’. Os moradores registraram os furtos, e a polícia foi chamada, mas ninguém foi preso.”
Roberta, que mora no prédio há 18 anos, conta que isso gerou insegurança, e os condôminos acabaram criando um comitê de segurança dentro do condomínio. Como ela é formada em administração e tem vasta experiência em gestão de empresas, atuando na área comercial há 20 anos, passou a usar seu conhecimento para ajudar. Em 2022, foi eleita síndica e começou a organizar as contas e a estrutura do condomínio, realizando obras e manutenções. Os anos se passaram e, em 2024, tiveram a quarta invasão. Dessa vez, um morador dormia em seu apartamento. Sem ser notado pela vítima, o ladrão conseguiu levar vários objetos de valor.
“Um dos maiores desafios que a gente tem é a extensão do condomínio. Apesar de ser um prédio só, são 91 apartamentos e uma área grande. Então saía muito caro distribuir câmeras por todo o perímetro. Quando a Pentágono foi para o condomínio, sugeriu o trabalho com inteligência artificial. Usamos então só nove câmeras ligadas ao sistema de IA e reposicionamos algumas outras. Se tivesse que colocar barreira em todos os lugares, íamos precisar de uma a cada metro e meio. Era um orçamento de mais de 30 mil reais. Desde a instalação do sistema, não houve mais invasões.”
Roberta, que agora é síndica profissional, também instalou câmeras de monitoramento na rua e acredita que é importante manter um contato permanente com as autoridades públicas e com os batalhões da área. Para ela, o trabalho de segurança tem que ser conectado para tornar o condomínio mais seguro de forma real. “As câmeras e a inteligência artificial são um passo, mas temos que orientar os moradores e melhorar o serviço de portaria. A empresa também fez uma consultoria e indicou outras falhas na segurança, como a fragilidade dos portões. Essa relação de confiança ajuda a minimizar os impactos da violência a que estamos expostos todos os dias”, completa.
A combinação de mão de obra qualificada e tecnologia é apontada como essencial para a segurança condominial. Segundo João Monteiro, diretor operacional e sócio do Grupo Tel Aviv, porteiros e vigias são a linha de frente na prevenção de incidentes, mas o suporte de sistemas de monitoramento e o controle de acesso – como reconhecimento facial, leitura de placas e biometria – ampliam a eficiência do trabalho diário. “A segurança precisa estar fundamentada em três pilares: profissionais treinados, tecnologia avançada e planos bem estruturados”, destaca.
Para garantir essa eficiência, a empresa realiza treinamentos trimestrais com foco nos protocolos de cada condomínio. Os programas são elaborados com o apoio de pedagogos, especialistas em inteligência e em segurança, unindo teoria e prática. Além disso, o Grupo Tel Aviv adota dinâmicas semelhantes às de “cliente oculto”: colaboradores são avaliados sem aviso prévio durante a rotina, o que permite medir, na prática, se os protocolos estão sendo seguidos corretamente.
O diretor operacional do Grupo Tel Aviv ressalta ainda que a segurança vai além da presença de profissionais armados. “Segurança não é um estado, é um sentimento”, afirma, lembrando que, em alguns casos, a presença de armas pode gerar desconforto entre os moradores. “Por isso, o trabalho da empresa inclui analisar a cultura de cada condomínio, promover a conscientização dos condôminos e identificar vulnerabilidades – desde falhas em portões e na iluminação até riscos externos da região – para estruturar planos de segurança eficazes.”
Marinéa Marques, síndica profissional de oito condomínios na zona sul e na zona norte, destaca que “a violência é uma realidade no Rio de Janeiro e o síndico tem papel central na conscientização dos moradores”. Para ela, é fundamental informar os condôminos sobre os riscos e promover reuniões para discutir golpes, comportamentos preventivos e o uso correto da tecnologia e da equipe de funcionários. “Dar acesso a pessoas estranhas é colocar o condomínio em risco”, alerta Marinéa, reforçando que a segurança começa com a educação e o envolvimento de todos.
Ela também enfatiza a importância de se investir em infraestrutura e tecnologia para inibir crimes de oportunidade. Em alguns condomínios que ela administra, portas de alumínio passaram a ficar escondidas atrás de painéis de correr feitos de drywall, fechaduras com eletroímã foram instaladas e holofotes de alta intensidade passaram a iluminar entradas, chamando a atenção para pontos críticos. “Os criminosos estão cada vez mais levando portões, portas e janelas. Esses furtos não representam só prejuízo financeiro, mas dificultam a vida dos moradores”, explica Marinéa, que também reforça que iluminação adequada e manutenção das áreas verdes são essenciais para impedir ações criminosas.
Para Marinéa, a segurança condominial vai muito além da instalação de equipamentos. “Não adianta colocar 50 câmeras; é preciso mapear o condomínio, treinar moradores e agir de forma estratégica para garantir o sentimento de segurança”, afirma. Ela destaca que o papel do síndico inclui observar a conservação da rua, a poda das árvores e a manutenção de áreas externas, além de acompanhar ocorrências, registrar imagens e dialogar com autoridades, mesmo sabendo que nem sempre há soluções imediatas. “Temos que alinhar tecnologia, prevenção e conscientização para realmente proteger os condôminos”, conclui.
Bruno, gerente comercial da SF Tecnology, reforça que sistemas inteligentes, como o Sentinela, qualificam a estrutura de segurança, identificam criminosos já monitorados pela polícia e se tornam indispensáveis para qualquer condomínio. “É como um seguro: espera-se não precisar usar, mas é essencial tê-lo”, diz.
João, diretor operacional do Grupo Tel Aviv, acrescenta que a eficácia da segurança também depende de parceiros propositivos, capazes de oferecer soluções inovadoras e contribuir de forma concreta para a proteção e o bem-estar dos moradores. Segundo ele, a combinação de tecnologia, planejamento e boas parcerias é o caminho para enfrentar os desafios atuais da segurança condominial.
Serviço:
Grupo Tel Aviv
telaviv.com.br
(21) 3199-0300
Pentágono 24h
pentagononet.com.br
(21) 96902-0471
SF Technology
technologysf.com.br
(21) 97557-3689
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