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Edifício A Noite, o ostracismo perto do fim

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A novela protagonizada pelo Edifício A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina, ganhou novos capítulos, mas pode estar perto de um fim. Depois de anunciar a venda do prédio, em setembro de 2016, e descartar a ideia poucos meses depois, na semana passada a União informou que um edital de alienação do imóvel deverá ser divulgado ainda no fim de maio. Inaugurado na Praça Mauá em 1929, ele teve seus tempos áureos nos anos 1930 e 1940, quando abrigou a Rádio Nacional e foi sede de multinacionais e consulados.

Após sair dos holofotes, o prédio viveu um longo período de ostracismo. Com a recente revitalização da área, o aspecto de abandono da construção, cuja fachada apresenta pichações, infiltrações e rachaduras, passou a contrastar com a beleza do entorno. E ideias sobre o destino da propriedade começaram a surgir: já foi anunciado que ela deveria ser transformada em hotel ou em um empreendimento residencial de luxo.

 

À ESPERA DE UM EDITAL

Em estilo art déco, o edifício tem 22 andares e 102 metros de altura e, segundo a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), foi avaliado em R$ 120 milhões, R$ 17 milhões a menos que o preço estimado em 2016. O motivo? O imóvel foi “desvalorizado”, diz o órgão, que não divulgou os detalhes sobre a licitação do prédio, que vem sendo esvaziado desde 2012. Os últimos ocupantes do endereço foram a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que mantiveram ali apenas alguns setores.

Em setembro de 2016, a SPU havia informado que o processo de alienação do edifício ainda estava em andamento e que a licitação teria um formato de permuta por área construída – a empresa vencedora teria que oferecer, em troca, um prédio para a instalação do INPI e da EBC, órgãos que ocupavam o imóvel na época. Ainda não foi esclarecido se o novo edital manterá a obrigatoriedade. Atualmente, os 1.100 funcionários do instituto, que ficou sediado na Praça Mauá entre 1970 e 2009, estão num prédio da Rua Mayrink Veiga.

Há três semanas, os poucos funcionários do INPI que ainda davam expediente no 3º andar do prédio limparam suas mesas. Apenas algumas caixas com processos de pedidos de patentes permanecem em salas do pavimento. Somente funcionários da limpeza e seguranças batem ponto por lá.

 

JOIA A SER RECUPERADA

Segundo o coordenador de planejamento do INPI, Pedro Burlandi, a determinação é que todo o prédio esteja vazio até dia 31 de dezembro, quando ele será devolvido à SPU. Em 2016, a presidência do instituto cogitou permanecer no prédio e bancar as obras de restauração, mas, com a decisão de União de se desfazer do bem, a ideia foi descartada.

– Para facilitar o processo de esvaziamento, desde março fomos concentrando o que restava de pessoal e documentos no 3º andar. Todo o restante do prédio está fechado, sem energia elétrica. Os andares dos antigos estúdios da rádio estão intransitáveis, porque não têm iluminação – explica Burlandi.

Se para o mercado imobiliário o Edifício A Noite perdeu valor, para arquitetos e urbanistas ele ainda é uma joia a ser recuperada. Construído em estrutura de concreto armado – um grande avanço para a época -, o arranha céu surgiu no espaço antes ocupado pelo Liceu Literário Português. Ele foi projetado para receber o jornal “A Noite”. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2013, o prédio leva a assinatura dos arquitetos Joseph Gire (autor do Copacabana Palace e do Hotel Glória) e Elisário Bahiana (calculista do Palácio Gustavo Capanema, no Centro) e é considerado um dos símbolos da arquitetura art déco carioca. As marcas do estilo atualmente só podem ser vistas em detalhes na fachada e nas portas do edifício, já que o imóvel está fechado. Lá dentro, a escada caracol em ferro é outro exemplo art déco.

-Pode-se dizer que a arquitetura moderna brasileira, se não nasceu no Edifício A Noite, foi gerada no prédio. Durante alguns anos, no início da década de 1930, ele abrigou o escritório de Lúcio Costa e Gregori Warchavchik, que recebeu um estagiário de nome Oscar Niemeyer. Este fato destrói os argumentos de alguns críticos de arquitetura, que colocam a vertente modernista de Costa/Warchavchik como “inimiga” do art déco. Isso nunca existiu. Eram apenas duas vertentes do que à época se chamava “moderno”. Le Corbusier teve pavilhão na Exposition International des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, Paris 1925, que consagrou o art déco – diz Marcio Roiter, presidente do Instituto Art Déco Brasil.

Apesar de o edifício ter sido projetado para receber o jornal “A Noite”, os altos custos do empreendimento levaram o proprietário a vender o prédio.

– Há várias curiosidades sobre o imóvel. Ele originou uma disputa entre Rio e São Paulo sobre quem teria o mais alto edifício. Acrescentando mais andares ao seu arranha-céu, (Giuseppe) Martinelli ganhou a parada (com o Edifício Martinelli, na capital paulista) – conta Marcio Roiter, acrescentando: – O mirante do último andar (do A Noite) era tão visitado quanto o Pão de Açúcar. Os turistas desembarcavam no Porto e subiam para avistar a Barra da Tijuca e até a Serra dos Órgãos.

 

PALCO DE ESTRELAS

Para o vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ), Lucas Franco, a construção tem um grande simbolismo para as histórias da arquitetura e da cultura da cidade. E, independentemente do destino do prédio, seu passado deve ser levado em conta. O arranha-céu foi endereço de empresas como Philips e PanAm, das agências de notícias La Prensa e United Press Association e dos consulados dos Estados Unidos e do Canadá. Mas foram os estúdios da Rádio Nacional, famosa pela produção de radionovelas, que guardaram as melhores histórias do lugar. Por lá, brilharam estrelas como Francisco Alves, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Marlene e Cauby Peixoto.

– Ele é de um enorme valor histórico. Foi o primeiro edifício produzido em concreto armado na cidade, foi o primeiro arranha-céu do Rio, inaugurando o conceito de skyline no Centro. Sem contar que, por abrigar a Rádio Nacional, ele é valioso do ponto de vista cultural. Há quem defenda que seja transformado em museu – diz Lucas.

 

Fonte: Ademi-RJ

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