Apesar de os dados ainda mostrarem queda nas concessões de crédito imobiliário, os bancos já notam um aumento da demanda, o que abre espaço para a recuperação das contratações no segundo semestre. Projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) aponta para aumento de 6% nos empréstimos imobiliários neste ano, a despeito da deterioração do cenário político e das incertezas acerca do impacto para a economia. A perspectiva é de que a queda da taxa básica de juros sustente o crescimento desse mercado. “Estamos aguardando os desdobramentos [da crise política] e, por enquanto, mantivemos nossa previsão”, diz Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip.
Por ora, as concessões de crédito imobiliário para pessoa física com recursos direcionados da poupança e FGTS registram queda de 0,2% no ano até abril em relação ao mesmo período de 2016 e de 8% no acumulado de 12 meses. No mês passado, as concessões somaram R$ 6,303 bilhões, recuo de 8,7% em relação a março.
A medida anunciada pelo Banco Central (BC) na semana passada, que acaba com a exigibilidade adicional de 5,5% sobre o compulsório da caderneta de poupança, é mais um incentivo ao mercado de crédito imobiliário. Abreu Filho estima que, do total de R$ 13 bilhões que serão liberados com a medida, cerca de R$ 6 bilhões devem ser direcionados para o segmento.
Esse volume, no entanto, representa apenas 1,1% do estoque de crédito imobiliário para pessoas físicas com recursos direcionados, que somava R$ 545,092 bilhões em abril, crescimento de 0,5% em relação a março e de 7% em 12 meses.
Somente a Caixa Econômica Federal, que detém 67,5% do mercado de crédito imobiliário, registrou crescimento de 22,5% no volume de contratações de crédito imobiliário no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Se esse ritmo for mantido, a demanda deve superar o orçamento de R$ 84 bilhões para este ano do banco, que pode precisar de novos repasses por parte do governo. “Se continuarmos nesse ritmo, devemos fechar o ano entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões em novas contratações. A demanda por empréstimos em 2017 está maior que em 2016”, afirma Nelson Antonio de Souza, vice-presidente de habitação da Caixa.
Segundo dados do balanço da Caixa, o saldo da carteira de crédito habitacional apresentou evolução de 6% em 12 meses, totalizando de R$ 412,9 bilhões em março último.
Neste ano, o banco chegou a suspender o recebimento de propostas para a linha de financiamento imobiliário pró-cotista por falta de recursos. As contratações foram retomadas após o repasse de R$ 2,54 bilhões do Ministério das Cidades para a Caixa. “Esses recursos não serão suficientes até o fim do ano”, diz Souza. Ele ressalta, contudo, que quem já deu entrada na Caixa não vai deixar de ser atendido.
A linha pró-cotista é a modalidade de financiamento habitacional que utiliza funding do FTGS e que tem o custo mais barato depois do Minha Casa Minha Vida (MCMV), voltada para a compra de imóveis novos, no valor de até R$ 1,5 milhão, ou usados de até R$ 950 mil, a depender da região. “Há um momento propício para compra de imóveis, que caíram de valor”, diz Souza.
No caso do programa MCMV, a maior demanda, segundo a Caixa, vem das faixas 2 e 3, que atendem famílias com renda mensal entre R$ 3,6 mil e R$ 9 mil. Para esses segmentos, está prevista a contratação de 400 mil unidades habitacionais neste ano. “O volume de recursos disponível hoje é suficiente. Mas, se aumentar a demanda, vai ter de haver suplementação por parte do governo”, acrescenta Souza. Em março, o governo também tomou novas medidas para impulsionar o setor imobiliário, permitindo o uso do FGTS para compra de imóveis de até R$ 1,5 milhão.
O superintendente executivo de negócios imobiliários do Santander, Fabrizio Ianelli, afirma que o banco notou aumento das solicitações de financiamento imobiliário em abril e maio. O efeito para as contratações, contudo, só deve acontecer no segundo semestre. O saldo do crédito imobiliário no Santander alcançou R$ 27,059 bilhões em março, recuo de 0,3% na comparação com o fim do ano passado, mas alta de 2% em 12 meses.
O diretor da área de empréstimos e financiamentos do Bradesco, Leandro José Diniz, acredita que a demanda por crédito imobiliário deve começar a voltar com mais força no segundo semestre. Mas isso vai depender da melhora da perspectiva para o emprego. “Percebemos que os consumidores estão mais maduros, dando um percentual de entrada maior, que chega em média a 40% do valor do imóvel. Antes ficava em 20%”, afirma Diniz. O banco financia até 80% do valor do bem.
A carteira de crédito imobiliário do Bradesco voltada para pessoas físicas somava R$ 32,589 bilhões em março, crescimento de 0,9% em relação a dezembro e de 36,7% em 12 meses.
Como parte da estratégia de focar no crescimento de linhas de crédito de menor risco, o Banco do Brasil também pretende aumentar a fatia de crédito imobiliário, cujo saldo somava R$ 42,635 bilhões em março, aumento de 1,4% ante dezembro e de 10,9% em 12 meses.
Embora ainda não tenha notado um aumento significativo da demanda nesse segmento, o banco tem feito alguns movimentos para se aproximar dos clientes por meio de parceiros, como construtores e incorporadoras, afirma o diretor de empréstimos, financiamentos e crédito imobiliário do BB, Edson Pascoal Cardozo. A instituição lançou um site (www.bb.com.br/encontreoseuimovel) que reúne um estoque de 229 empreendimentos, com um total de 4.814 unidades. Os clientes do banco têm descontos na compra de imóveis, prontos ou na planta.
O BB, que também opera a linha pró-cotista, tem recursos garantidos para financiar as operações neste ano, cujos desembolsos cresceram 82% no ano, até abril, em relação ao mesmo período do ano passado.
A inadimplência no crédito imobiliário no segmento de pessoa física tem se mantido estável. O percentual dos créditos com atraso acima de 90 dias no mercado atingiu 2% em abril, aumento de 0,2 ponto percentual ante março, mas queda de 0,1 ponto em 12 meses. Souza, da Caixa, afirma que o aumento da inadimplência do crédito imobiliário no primeiro trimestre é fruto de um efeito sazonal diante da concentração de contas no início do ano.
Fonte – Valor Econômico, Silvia Rosa.
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