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Prevenção ainda é o melhor remédio

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Sistemas de combate a incêndio devem estar em dia

O síndico não precisa saber de tudo, ele precisa é estar bem assessorado. A começar por uma boa administradora que o mantenha informado sobre a legislação que rege toda e qualquer parte do condomínio. E olha que não é pouca coisa: estrutura, vistorias, funcionários, piscinas, limpeza de reservatórios de água, impostos etc. Mas o foco desta matéria é sobre um dos pontos que mais vêm sendo negligenciados: o sistema de combate a incêndio.

Moisés Cukier, diretor Comercial da JJM, empresa especializada no ramo de prevenção e combate a incêndios, afirma que, nesse quesito, a coisa está complicada: “A cultura da segurança não é típica do brasileiro”, lamenta.

Na experiência desse empresário, de todos os prédios vistoriados por sua empresa, somente 10% se adequavam às normas vigentes. “Vejo síndicos se preocupando com reformas de fachada e deixando outras coisas mais importantes para trás. É preciso deixar a parte elétrica, hidráulica e os sistemas de barriletes em condições minimamente aceitáveis. Isso porque quando der problema no sistema de combate a incêndio, geralmente é trágico”, ressalta.

Quando o quesito é o encanamento, Cukier avisa: “Canos antigos, de ferro, costumam estourar. E isso vai acontecer na hora em que for preciso usar para combater um incêndio. É necessária a troca das colunas de água de forma preventiva, e não fazer consertos paliativos, que é o que mais vemos por aí”, avisa.

De forma muito direta, Cukier explica: “O básico, que todo condomínio tem que ter, são extintores, mangueiras, portas corta-fogo e os registros das caixas de hidrante (nas quais se acoplam as mangueiras). Sem isso já fica muito complicado manter um condomínio em segurança.”.

Uma coisa é fato: quanto mais novo o condomínio, mais chances de ele estar em dia com a prevenção a incêndios. “Na zona sul, especialmente em Copacabana, não se constrói nada há pelo menos 30 anos.É muito fácil achar irregularidades. E olha que a grande maioria dos moradores de Copacabana, por exemplo, é idosa e precisa de muito mais ajuda na hora do pânico. Como os bombeiros não têm efetivo para fiscalizar, muitos síndicos acabam fazendo vista grossa para a legislação em vigor, que é o Decreto Estadual 897/76”, lamenta.

Detalhes tão pequenos e tão significativos

Corrimãos nas escadas, fitas antiderrapantes nos degraus, luz de emergência nas escadas e nos corredores e sinalização visual com placas fotoluminescentes (refletem no escuro) são imprescindíveis. “Num incêndio, corta-se a energia, e aí as placas comuns não têm mais serventia, não dá para ver nada! No pânico é preciso estar orientado. É na hora da correria, e que está escuro, que as pessoas precisam saber para onde correr”, avisa o diretor da JJM.

Portas Corta-fogo

As portas corta-fogo, na grande maioria das vezes, passam despercebidas mesmo. São coadjuvantes no dia a dia, mas na hora do incêndio são elas que ajudam as pessoas a não morrerem asfixiadas com a fumaça ou queimadas mesmo. Elas conseguem manter as escadas em boas condições de fuga por até duas horas, ou seja: as portas corta-fogo têm um papel muito importante nessa história. Justamente por isso sua manutenção não pode ser negligenciada.

Um dos principais itens a serem vistos são as molas das dobradiças das portas corta-fogo. Esse tipo de porta nunca pode ficar entreaberta. Deve estar sempre fechada. Veja bem, isso não significa “trancada”, algo inadmissível para esse tipo de aparato. Nem em casos de um único morador no andar (nem mesmo cobertura) esse procedimento é permitido. No caso das coberturas, é importante lembrar que elas podem ser até usadas como rota de fuga. Jamais devem ficar trancadas.

Maria de Fátima Noronha, síndica há três anos do Condomínio Dois Rios, na zona norte carioca, é uma pessoa organizada por natureza e não faz nada de qualquer jeito. Ela entra para resolver mesmo. “Gosto do que faço e sei que faço bem-feito. Eu entro de cabeça nos problemas e cobro resultados das coisas que delego”, avisa.

À frente do condomínio que tem dois blocos, 214 unidades e cerca de 500 moradores, a síndica, que conta com a CIPA na administração, não mediu esforços para deixar o condomínio em boas condições: “Moro há 64 anos aqui. Quando assumi vi que nem barrilete de incêndio tínhamos. Fiz uma supervistoria e fui a todos os lugares que as pessoas não vão. Até embaixo de caixa-d’água eu fui. Relatei tudo o que vi e percebi em assembleia. Se pegasse fogo não teria bombeiro que resolvesse”, lembra ela.

Eram mangueiras rasgadas, registros nos andares que não funcionavam, extintores vencidos, sem recarga… Um festival de coisas erradas que a síndica se apressou a resolver. “Chamei uma empresa especializada e rapidamente os extintores já estavam funcionando. Foi feita uma vistoria por todo o condomínio, que determinou o que deveria ser implementado para que cumpríssemos a lei e mantivéssemos todos em segurança. Resolvi o mais urgente e, aos poucos, fomos ajustando outras coisas. Paulatinamente, estamos fazendo tudo que é necessário para o condomínio ficar em perfeitas condições”, comemora Maria de Fátima.

Claro que essas ações custam muito dinheiro – é preciso que o síndico se organize para os gastos, seja usando uma reserva do condomínio, seja estabelecendo cotas extras para tal finalidade. O que não pode é negligenciar a segurança, até porque ele responde por isso em caso de sinistros.

Causas mais comuns de incêndios

As causas mais comuns de incêndio são curtos-circuitos, descargas elétricas e a falta ou inadequação de sistemas de combate a incêndios. Além das providências do síndico, é preciso que os moradores também realizem inspeção em suas instalações elétricas. Com o passar dos anos, houve maior demanda por energia com o uso de cada vez mais aparelhos domésticos e nem sempre há um ajuste na rede elétrica dos imóveis, o que pode causar um superaquecimento dos condutores e iniciar um incêndio.

Cukier finaliza alertando para que os síndicos sempre procurem empresas credenciadas pelo CREA para a instalação de sistemas de prevenção e combate a incêndio. Já para a manutenção de extintores e mangueiras, basta que a empresa escolhida seja credenciada pelo Corpo de Bombeiros.

Conheça as classes de incêndio

Os materiais combustíveis têm características diferentes e, portanto, queimam de maneiras distintas. Há quatro categorias:

Classe A – incêndio em material sólido, como madeira, papel e tecido;

Classe B – incêndio em líquidos inflamáveis, como óleo, gasolina e querosene;

Classe C – incêndio em equipamento elétrico energizado, como máquinas elétricas e quadros de força. Ao ser desligado o circuito elétrico, o incêndio passa a ser de classe A;

Classe D – incêndio em metais que inflamam facilmente, como o potássio e o alumínio em pó.

Conheça os tipos de extintor e saiba qual o uso de cada um deles

Os extintores servem para combater pequenos focos de incêndio. Cada tipo contém uma substância diferente que age em distintas classes de incêndio.

Extintor com água pressurizada
É indicado para incêndios de classe A (madeira, papel, tecido e material sólido em geral). A água age por resfriamento e abafamento, dependendo da maneira como é aplicada.

Extintor com gás carbônico
Indicado para incêndios de classe C (equipamento elétrico energizado), por não ser condutor de eletricidade. Pode ser usado também em incêndios de classes A e B.

Extintor com pó químico seco
Indicado para incêndio de classe B (líquidos inflamáveis). Age por abafamento. Pode ser usado também em incêndios de
classes A e C.

Extintor com pó químico especial
Indicado para incêndios de classe D (metais inflamáveis). Age por abafamento.

Observação importante!
Não use água em fogo de classe C (material elétrico energizado), porque a água é boa condutora de eletricidade e pode aumentar o incêndio.

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