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Fernanda Barcelos

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Síndica profissional por acaso, sucesso planejado e merecido

Esta coluna da revista Condomínio etc. inicia nesta edição para que síndicas de sucesso mostrem sua história e inspirem outras mulheres nessa empreitada. 

Há muito pouco tempo (historicamente falando), as mulheres não podiam aprender a ler, votar e muito menos trabalhar. Ah… mas quando as coisas começaram a se transformar – pela força e determinação de muitas pioneiras –, os tempos realmente mudaram.

Por essas mulheres e por tantas outras que a Cipa abre esta coluna em homenagem às síndicas que vêm se destacando no mercado condominial. 

Nossa primeira convidada é Fernanda Barcelos, 37 anos. Antes de ser síndica profissional, ela atuava como estilista. Não que não atue mais, até porque sua organização e determinação fazem o tempo dela render. 

Fernanda faz um excelente trabalho, mas não abre mão de uma administradora, até porque, com esse suporte, ela e seu sócio, Paulo Viggiani, conseguem estar à frente de 15 condomínios. Vamos saber um pouco mais sobre a Fernanda?! 

 

Condomínio etc.: Quando entrou para essa área de atuação? Foi por acaso?
Fernanda Barcelos: Foi em 2018. Sempre fui ativa nas assembleias do condomínio onde moro e sempre tive um carinho enorme pela síndica que atuava fazia três anos. Em dado momento, ela convocou uma assembleia para renunciar, pois estava cansada. Como eu sempre revisava e acompanhava os balancetes, decidi me candidatar na hora. Não esperava que fosse me candidatar, mas realmente queria lutar pelo condomínio, queria continuar com um bom trabalho; assim, levantei a mão e apresentei, na mesma hora, de cabeça, o que poderia fazer com a previsão orçamentária, como se fosse uma proposta. Quando vi, estava eleita. 

Realmente, uma coisa é você acompanhar o balancete como morador, outra é conhecer as engrenagens que fazem um condomínio girar. São muitos detalhes impressionantes. Todas as manutenções, o contato físico e virtual com os moradores, as demandas surpresa que aparecem, você começa a observar onde pode economizar mais, o que precisa de investimento para valorizar o imóvel… São detalhes que não constam do balancete; estamos falando de pessoas, não somente de números, estamos falando da responsabilidade de um patrimônio. É um trabalho realmente apaixonante! 

 

Cetc.: Em que momento resolveu se tornar síndica profissional?
FB: Nosso condomínio estava em obras de fachada, e o síndico profissional Paulo Viggiani, que atuava no prédio ao lado, veio até nós perguntar detalhes da obra. Conversamos bastante, e ele gostou do trabalho que eu estava desenvolvendo ali. Então, me chamou para ser sócia, o que deu muito certo. Inclusive, nos 15 prédios que administramos, atuamos em dupla, ou seja, o condomínio nunca fica sem síndico, mesmo que por doença. Esse tipo de gestão começou com a pandemia e deu tão certo que mantivemos o sistema.  

 

Cetc.: Acha que as mulheres ainda sofrem algum tipo de preconceito nessa área?
FB: Confesso que já sofri muito preconceito no início; hoje, as pessoas veem com outros olhos. A mulher, por natureza, cuida, consegue abraçar mais as questões que necessitam de zelo, seja um problema, um conflito entre moradores, seja o olhar observador da estrutura, da estética, do comportamento. Principalmente, o comportamento. Por exemplo, minha gestão trouxe, pela primeira vez, mulheres para trabalhar no condomínio. Sempre tivemos homens trabalhando na limpeza, na portaria. Quando eu propus colocar mulheres na limpeza e na recepção, muitos disseram que não ia dar certo, mas implantei um conceito moderno no condomínio. A responsável pela recepção, hoje, é uma mulher. Ela recebeu treinamento de comunicação não violenta, treinamento para crises (porque sempre pode acontecer alguma coisa), está à frente do controle de encomendas, ou seja, responsabilidades que ouvimos no início de que uma mulher não daria conta. Hoje, recebemos elogios de moradores, visitantes e prestadores de serviço sobre esse atendimento personalizado. Mulheres são capazes de exercer todos os cargos. Acho que as pessoas têm certo receio da mulher que é líder, mas a liderança feminina traz um trabalho competente, traz sensibilidade e força. Todos os dias, nós nos provamos e nos superamos. É muito bom ver que todos os que tiveram preconceito no início de minha gestão me apoiam e reconhecem meu trabalho. 

 

Cetc.: Quantos condomínios você atende?
FB: No momento, a Síndico Rio atende 15 condomínios e damos suporte a dois prédios. 

 

Cetc.: Enfrentou muitas dificuldades?
FB: Nossa, muitas! Eu passei, no início da gestão, por um movimento de muita resistência por parte dos moradores, que me viam como uma mulher jovem, sem experiência. Tive que agir com muita firmeza. O que me ajudou foi conhecer bem a convenção e o regimento interno, saber sobre cobranças, irregularidades, principalmente de fachada, e estamos falando não somente da externa, mas da interna também, como os corredores. Então, ter esse conhecimento me ajudou. Depois, fui conhecendo as exigências do Corpo de Bombeiros sobre rotas de fuga, o que me ajudou mais ainda a cobrar a padronização dos corredores. Não foi mole. Notifiquei, multei. Mas sempre antes de tomar qualquer medida de punição exploro muito a comunicação. Quando os condôminos perceberam que eu não estava perdida, que eu sabia o que estava fazendo, os ânimos foram ficando mais leves. Tive ajuda dos porteiros, que viram meu cronograma de trabalho, que investiu em uma rotina harmoniosa que trouxe ergonomia nos instrumentos de trabalho (que oferece segurança e conforto), então, essas pequenas, mas significativas, mudanças fizeram toda a diferença para que tanto a equipe de funcionários quanto os moradores percebessem que eu estava no caminho certo. 

 

Cetc.: Fez algum curso de especialização?
FB: Sim, além de fazer o curso de síndico profissional, fiz outros, como comunicação não violenta e comunicação visual (que ajuda a chamar mais atenção nos comunicados), além de ser técnica em edificações, o que auxilia muito no trabalho com a equipe de manutenção do condomínio. 

 

Cetc.: Qual foi seu maior desafio?
FB: Tive dois grandes desafios. O primeiro foi, poucos meses depois de assumir o condomínio, perceber que o edifício precisava de uma obra de fachada. Realmente estávamos com urgência. Então, foi um processo bem difícil. Organizar a obra sem interferir (muito) na rotina dos moradores foi complicado, além da questão financeira, claro. O segundo foi trazer modernidade para um condomínio em que 80% dos moradores são idosos. Então, adotamos o WhatsApp, criamos o cadastro digital (tudo no condomínio era em papel, então o custo era absurdo com papelaria, e não fazia sentido porque vivemos uma era digital), elaboramos programas de vizinhos voluntários na pandemia, época em que todos estavam reclusos, poucos saíam de casa, então o nível de moradores com depressão aumentou. Fizemos shows na quadra para eles verem da varanda, campanhas de conversas por vídeo… Trazer a tecnologia para quem geralmente tem medo de tecnologia foi bem difícil. Hoje eles me dão aula, se bobear!

 

Cetc.: A mesma receita (solução) serve para qualquer condomínio?
FB: Cada condomínio é um organismo, é preciso ter sensibilidade para captar as necessidades mais urgentes, mas o primordial é estar ciente da convenção e do regimento. Ajuda muito ter um ótimo relacionamento com o conselho fiscal e interação com os moradores. 

 

Cetc.: Dá para agradar a todos os moradores? Como você lida com as diferenças?
FB: Não, não dá para agradar a todos. Jesus não conseguiu agradar a todos… Mas o importante é entender que cada pessoa tem sua personalidade, um jeito de se comunicar, seja ele difícil, seja ele mais maleável, o importante é compreender essa identidade, entendendo o perfil. Você precisa saber colocar seu plano de ação conforme a compreensão da pessoa e assim você vai lidando. 

 

Cetc.: Você dispensaria o uso de uma administradora? Qual a importância delas em uma boa gestão?
FB: Não! A administradora tem que ser aliada do síndico! O síndico possui muitas responsabilidades, imagina ele ignorar a importância da administradora? Não vai dar certo. Vai haver uma sobrecarga, a qualidade vai cair. Sem contar que a administradora é uma parceira na comunicação e transparência das finanças. E se não fossem as administradoras que trabalham comigo, eu não teria tempo de investir em minha profissão de estilista, pois ainda desenho coleções de moda!

 

Cetc.: Alguma curiosidade sobre o assunto que queira compartilhar?
FB: Sim. A população brasileira está envelhecendo cada vez mais. O público “da melhor idade” geralmente não é muito incentivado a viver as questões administrativas do condomínio. Explorem a oportunidade de comunicação com esse público. Porque são pessoas que viveram muitas situações, que possuem conhecimento em múltiplas áreas. Elas podem somar muito na gestão. Aprendi a ser uma síndica melhor quando entendi que os idosos são grandes parceiros nas assembleias, nos eventos; quando incluídos, são bastante participativos. 

 

Cetc.: Algum comentário sobre como ser síndica nos dias atuais?
FB: É um desafio diário. É bom ter parceiros. Um bom síndico está sempre cercado de bons profissionais. Isso ajuda nas emergências. Hoje em dia, comunicação é a chave para abrir grandes portas. 

 

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